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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Seremos algum dia japoneses?



RUTH DE AQUINO, é colunista de ÉPOCA - raquino@edglobo.com.br
O dinheiro e as barras de ouro estavam em cofres e carteiras de vítimas do tsunami no Japão. Em casas e empresas destruídas. Nas ruas, entre escombros e lixo. Ao todo, o equivalente a R$ 125 milhões. Dinheiro achado não tem dono. Certo?
Para centenas ou milhares de japoneses que entregaram o que encontraram à polícia, a máxima de sua vida é outra: 'não fico com o que não é meu'! E em quem eles confiaram? Na Polícia, que localizou as pessoas em abrigos ou na casa de parentes e já conseguiu devolver 96% do dinheiro.
A reportagem foi do correspondente da TV Globo na Ásia, Roberto Kovalick. A história encantou. “Você viu o que os japoneses fizeram?” Natural a surpresa. Num país como o Brasil, onde a verba destinada às inundações na serra do Rio de Janeiro vai para o bolso de prefeitos, secretários e empresários, em vez de ajudar as vítimas que perderam tudo, esse exemplo de cidadania parece um conto de fadas. O que aconteceu em Teresópolis e Nova Friburgo não foi um mero e imoral desvio de dinheiro público. Foi covardia.
Político japonês não é santo. Em que instante a nossa malandragem deixa de ser folclórica e cultural e passa a ser crime de desonestidade? Por que a lei de tirar vantagem em tudo está incrustada na mente de tantos brasileiros? A tal ponto que os honestos passam a ser otários porque o mundo seria dos espertos?
Eles devolveram às vítimas do tsunami R$ 125 milhões. Precisamos – nós e a Polícia – aprender a agir assim
Um dia, todos precisaremos aprender que não se coloca no bolso, na bolsa, nas meias e nas cuecas um dinheiro que não nos pertence. É roubo.
A CPMI É O EXEMPLO QUE O BRASIL NÃO PRECISAVA
É UMA VERGONHA