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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Ativos e passivos


12/10
Ou Passivos ativos(jn)
 

 

Lewandowski poderia atualizar a frase do Rei Luís XV: ‘Depois de mim, o Delúbio.’ Porque, se chegasse a Dirceu, o dilúvio de lama levaria a Lula
OPINIÃO
- Nelson Motta

0 Lula achava que ministro do Supremo Tribunal Federal era cargo de confiança, da sua cota pessoal, deles esperava lealdade, fidelidade e gratidão. Mas os ministros que nomeou não sabiam disso, e estão fazendo o que tem que ser feito, a começar por Joaquim Barbosa.
Até as absolvições de Lewandowski e Dias Toffoli servem para legitimar, como minoria, as condenações que a maioria acachapante do STF impôs aos réus do mensalão, que foram defendidos pela seleção brasileira de advogados.
Data venia, com invejável coragem e sem medo do ridículo e do opróbio, o ministro Lewandowski tem feito das tripas coração, ou vice-versa, e usado o seu notório saber jurídico para fechar a cadeia de comando do esquema em Delúbio Soares.
O ministro gosta de citações e poderia atualizar a frase do Rei Luís XV, prevendo o caos e a destruição se seu reinado caísse, “Après moi, le déluge” (“Depois de mim, o dilúvio”), para “Après moi, le Delúbio”. Porque, se chegasse a Dirceu, o dilúvio de lama levaria a Lula.
Afinal, se continuasse funcionando em silêncio, o esquema garantiria a hegemonia política absoluta do PT, com uma base de apoio de dar inveja a Chávez, e poderia manter o partido no poder por vinte anos. Totalmente autossustentável. Era o que todo mundo fazia, só que muito mais bem feito. Como professor de matemática, Delúbio sabia que os números fechavam — e tendiam ao infinito. Os oito anos de Lula, e mais oito de Dirceu, estariam assegurados. Se Roberto Jefferson ficasse calado.
Era um golpe no Estado e na democracia, como julgou o presidente Carlos Ayres Britto, ironicamente de um partido obcecado pelo golpismo, acusação com que responde a qualquer crítica.
Não era um projeto de enriquecimento pessoal, uma ladroagem das elites e da direita, mas uma audaciosa manobra política, digna de um grande estrategista como o capitão do time em que Lula era o técnico e o dono da bola, batia córner e cabeceava, dava os passes e fazia os gols, além de morder a canela dos adversários para proteger sua meta e defender os companheiros dos juízes, aos gritos. Como não saberia quem patrocinava o time?
Nelson Motta é jornalista.
 
fonte averdadesufocada