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domingo, 5 de maio de 2013

Contribuição que a CNV - Comissão Nacional de Verdugos, refuga

04/05/13 - Contribuindo com a Comissão da Verdade VIII
Leitura recomendada para conhecer
o caos que as organizações subver-
sivo-terroristas haviam instalado no 
Brasil, antes do AI-5
Pesquisado e editado pela editoria do site  www.averdadesufocada.com 
Hoje , republicamos o depoimento de José Ibrahim ( encontrado morto em sua residência no dia 02/05/2013 - leia aqui) a Antonio Caso, no livro "A esquerda Armada no Brasil". Este livro recebeu o Prêmio Testemunho de Las Américas 1973 e foi editado em português por Moraes Editores,Lisboa, em junho de 1976. É uma coletânea de depoimentos de subversivo - terroristas  prestados ao autor sobre o período de 1961 a 1971, no Brasil.  Esses depoimentos foram feitos no exterior, a maioria em Cuba.

Arruaça comunista no 1º de maio de 1968, em São Paulo"A totalidade da massa, cerca de vinte mil trabalhadores não percebeu nos primeiros momentos, o que acontecia em frente à tribuna oficial.
De repente, porém, um companheiro sobe ao tecto da armação de madeira e lá em cima abre um enorme retrato do comandante Che Guevara. Ao vê-lo, a multidão proletária ergueu um verdadeiro rugido ensurdecedor e a praça foi dominada por brados de alegria.
Utilizando um megafone outro companheiro anunciou da tribuna: "A tribuna é nossa... A tribuna agora está ocupada pelos trabalhadores".

 Então discursaram dirigentes sindicais oposicionistas, operários de base e chefes estudantis entre os quais Luis Travassos, então presidente da UNE. A polícia não estava em condições de reprimir.

 Depois de vários discursos, chamámos a multidão para sair em manifestação pelas ruas de São Paulo. Antes de iniciar a marcha, incendiamos a tribuna, usando garrafas incendiárias, conhecidas por "coquetel Molotov". Quando chegámos à avenida São João e avenida Ypiranga, a multidão, muito excitada, atacou o edifício do City Bank, em cujo mastro estava içada a bandeira dos Estados Unidos, como um símbolo do império económico norte-americano no Brasil. Os companheiros arrancaram um poste indicador de uma paragem do ónibus urbano e utilizaram-no como ariete para destruir as portas e janelas do banco norte-americano. Para incendiar a bandeira um arco e uma flecha com uma tocha acesa na ponta. Depois da passagem da multidão restou em frente do banco um amontoado de pedras, tijolos e vidros quebrados . Os restos fumegantes da bandeira norte-americana podiam ser vistos de longe.

Em frente do edifício da polícia marítima, uma das forças mais repressivas da ditadura, havia um cordão de agentes armados  com metralhadoras. A massa lançou-lhes pedras e outros objetos, mas, embora os seus rostos reflectissem o ódio e o desejo de reprimir violentamente os operários, não reagiram. Era evidente que não tinham ordens para atacar-nos: as autoridades não esperavam aquela manifestação e foram colhidas de surpresa.
A polícia política paulista efectuou, é certo, algumas prisões naquele dia na Praça da Sé, entre os elementos que ali permaneceram fazendo o trabalho de agitação e propaganda, mas a manifestação dispersou-se tranquilamente, sem maiores problemas.

Depois daquele 1º de Maio a repressão foi intensa principalmente em Osasco e no chamado ABC paulista ( Santo André, São Bernardo do campo e São Caetano ), a região mais industrializada do estado de São Paulo, onde se encontram as maiores concentrações proletárias do Brasil. 
O sindicato dos trabalhadores metalúrgicos de Osasco foi invadido pela polícia da ditadura e tive que ocultar-me aproximadamente quinze dias. Foram detidos vários companheiros dirigentes activistas de Osasco, Guarulhos, São Paulo e do ABC paulista, mas poucos dias depois postos em liberdade. O passo seguinte da radicalização do movimento operário tinha de ser necessariamente o da greve (...)" 
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Observação do site www.averdadesufocada.com 
Foram várias as indústrias cujos operários aderiram ao movimento grevistas. Esses operários já vinham sendo doutrinados por comunistas infiltrados em seus sindicatos e por membros das organizações armadas que já atuavam antes mesmo da Contrarrevolução de 1964. 
As greves eram discutidas, inclusive com membos de várias organizações para permitir uma boa organização e  uma grande massa de operários. Assim planejaram e executaram com sucesso a  ocupação de várias fábricas de Osasco, entre elas a Cobrasma , maior fábrica metalurgica de Osasco, a Lonaflex , a Brown-Bovery , a Barreto-Keller, a AlvesReis e outras.
 Na Cobrasma, totalmente ocupada, forças militares começaram a retomada da fábrica, que, com a energia cortada pelos ocupantes, estava totalmente às escuras. Houve confronto. Os operários, distribuídos dentro de um ambiente que conheciam bem, atrás de grandes máquinas atacaram os soldados com pedras e outros objetos.  Muitos soldados sairam feridos. Após uma noite de escaramuças, depois que os mais comprometidos conseguiram sair, cerca de 400 operários se entregaram. apenas cerca de 20  ficaram presos e assim mesmo,  por poucos dias. Foram postos em liberdade mediante pedido de habeas corpus em  favor deles. Essas greves duraram por duas semanas e paralizaram  praticamente metade  do setor metalurgico de Osasco. 
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 (...)"Alguns dirigentes operários de Osasco estiveram vinculados, desde o primeiro momento, a organizações revolucionárias armadas da esquerda brasileira, particularmente à VPR. Mas, na direcção do Sindicato dos Trabalhadores Metalurgicos de Osasco, o único militante da VPR era eu. Integrava uma célula de cinco operários que arrrecadava fundos e realizava outras tarefas clandestinas na montagem da infra-estrutura da organização guerrilheira. Tínhamos exercícios de tiro com fuzil, ainda que superficiais e esporádicos. Enfim, todo o nosso trabalho era encaminhado na preparação da luta armada porque sabíamos que, cedo ou tarde, a ela nos deveríamos incorporar. 

A VPR mantinha vínculos orgânicos com os movimentos de massa (operário e estudantil) e estreitas relações com intelectuais progressistas. O objetivo estratégico da organização era o desencadeamento da guerrilha rural em vários pontos do Brasil.
Mantínhamos relações com outras organizações revolucionárias brasileiras. Lembro-me de que, na fase final da preparação da greve de Osasco, discutimos com o companheiro Carlos Marighella, dirigente máximo da ALN, sobre as perspectivas do movimento operário brasileiro.
O facto concreto é que de Osasco sairam muitos operários para militar nas organizações revolucionárias armadas. Antes e depois da greve, esses companheiros integraram comandos de acção da guerrilha urbana, fortalecendo assim as organizações armadas da esquerda brasileira, principalmente  a VPR e a ALN, que então iniciavam suas acções contra o regime.

Quando o companheiro Roque Aparecido da Silva e eu fomos presos, depois da acção no IV Regimento de Infantaria em Quitaúna, São Paulo, em janeiro de 1969, a repressão pretendeu desmoralizar-nos, a mim e ao companheiro ante a classe operária, ao mostrar a nossa vinculação com as organizações revolucionárias armadas. Mas tudo que conseguiu foi aumentar o apoio dos trabalhadores de vanguarda de Osasco à 
consigna da luta armada contra o regime.

Em Setembro de 1969 fui posto em liberdade, juntamente com outros 14 presos políticos em troca do sequestrado embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Charles Burke Elbrick. A Acção do sequestro foi levada a cabo por um conjunto da ALN e do MR-8, na cidade do Rio de Janeiro. 
Osasco não foi o único exemplo de combatividade revolucionária da classe operária brasileira naquela época. Surgiram outros movimentos, igualmente esmagados da maneira mais brutal pela repressão da ditadura. Apesar disso, o potencial revolucionário da classe operária brasileira é enorme e somente espera que a vanguarda do povo mostre o caminho correcto da libertação para transformá-lo em pratica revolucionária até a vitória final e definitiva sobre os seus exploradores. "